terça-feira, 15 de dezembro de 2009

As coisas mudaram!


Hoje sonhei com o passado, passado esse que um dia foi real, passado esse que me fazia feliz e orgulhosa. Hoje sonhei que estavas aqui, a meu lado, como sempre estiveste até agora. Sonhei que me segredavas ao ouvido e me dizias que me amavas e que me querias ali, contigo. Sonhei com o teu beijo, com os teus abraços e com as nossas conversas. Sonhei que só existias tu e que eu sorria como nunca. Sonhei que estava tudo como antes e que tudo era perfeito...
Depois senti um puxão, senti que tudo desaparecia por entre os meus dedos e que eu não o conseguia evitar. Foi um momento de angustia, um momento de dor…estava tudo a destruir-se e eu não me mexia, como se não percebesse nada. Depois acordei e senti os meus olhos encharcados em lágrimas. Já nem sentia que estava a chorar, parece que já faz parte dos meus dias, levantei-me a soluçar, mais uma vez sem perceber e segui em frente até ao espelho. Olhei o espelho como se não percebesse que estava ali, como se fosse uma pessoa desconhecida que nunca tivesse visto. Olhei melhor e desesperei ao perceber que era eu que ali estava, não era possível. Como é que eu podia ter mudado tanto num só dia? Como é que o Mundo tinha mudado desta maneira? Limpei as lágrimas rapidamente e olhei mais uma vez aquela imagem desconhecida, era inacreditável. Já nem me lembrava porque estava naquele estado, e depois lembrei-me e voltei a chorar. Na minha cabeça passam imagens constantes de nós os dois, parece que ela vai explodir a qualquer momento. É uma mistura de sentimentos demasiado fortes para eu conseguir suportar. É uma mistura de desilusão, culpa, dor, sofrimento e muita tristeza, que se junta a um aperto no peito constante. São sentidos com toda a força como se sentisse que poderia morrer a qualquer momento, como se a minha vida acabasse a qualquer instante. Eu lutei, eu dei tudo e depois perdi…são coisas que me acontecem constantemente, é revoltante! A vida virou-me as costas e eu cai redonda no chão, sem apoio nem direcção.
Depois parei e pensei que aquilo tinha de mudar, que as coisas não podiam continuar assim, a preto e branco. Pensei e tentei encontrar uma solução, era a primeira vez que estava a tentar arranjar uma saída, mas encontrei várias. Soluções essas que me deixam num dilema constante, segundo atrás de segundo. Penso demais nisto, penso demais na escolha certa e não encontro a resposta. Sinto que vou sair magoada e arrependida por qualquer uma das saídas. Mas eu tenho que agir, o mais depressa possível, tenho que me agarrar a esta decisão o mais forte que consiga. Senti agora um novo sentimento, esperança. É como se sentisse que seja qual for a minha decisão eu sairei vencedora. Agarrei-me então a este sentimento, como se nada mais importasse. Sentia-me aliviada por voltar a ter esperanças.
Voltei a olhar o espelho e começava a conhecer aquela pessoa que estava do outro lado, afinal era mesmo eu. Enchi-me de coragem e voltei a deitar-me na cama agora com a cara completamente seca. Depois de passarem pela minha cabeça recordações passadas e voltar a mesma dor de sempre, consegui dormir.
Hoje sinto-me igual, como se o tempo não tivesse passado, essa esperança só durou escassos minutos. Sinto-me sem forças para lutar, sem forças para seguir em frente, sem forças para nada. Só consigo estar aqui, no mesmo sitio, à espera que façam as coisas por mim e que a minha vida volte ao que era…